Cabeça parabólica

Me perguntaram se eu era a dor ou a salvação e eu me respondi que era a dor.

Sou a minha dor e a dor do outro.

Sou a dor da insegurança e da indiferença. A dor do tudo e a do nada. Da mentira, do engano, da saudade, do sufoco.

Da falta de plano, do excesso de sonho.

Sou a dor da perda, do descuido, da angústia, da pressão.

A dor do que se foi, do que ficou, do que deixou de ser, do que poderia ter sido.

A dor do desejo, da ansiedade. Da impaciência e da inocência.

Sou a dor do amor e da mágoa, da fraqueza e da força de vontade em vão.

Sou a dor da culpa e do cansaço, a dor do caminho e da caminhada.

 

 

“Sinto lhe informar, troquei de provedor, eu não consigo me concentrar (…)

Sinto lhe informar, já não vejo o sol se pôr – seja no Rio ou no Amapá, eu não existo em outro lugar (…)

Quando as ondas disputam lugar e um curto-circuito se instala na transmissão, as ideias correm nos fios, as ideias correm no ar (…)

As ideias vão se enroscar

Eu não consigo me concentrar.”

(Cabeça parabólica – Ganeshas)